segunda-feira, 5 de março de 2012

Muito gente...

Muita gente nesse mundo...Em São Paulo, então! Não fomos feitos para viver nessa aglomeração. Esse viver grudadinho no outro inspira a ira na maioria das pessoas. Já vi cidadãos em discussões homéricas porque alguém encostou em seu braço no metrô lotado. A discussão foi por causa daquela encostadinha? Claro que não. Foram várias encostadinhas acumuladas ao longo da semana...
Contaminadas por este clima tenso, qual a reação das pessoas quando alguém lhes oferece o lugar para sentar no ônibus ou no metrô? Mulheres ficam bravas porque interpretam que estão gordinhas e parecem grávidas ou estão aparentando estar mais velhas. Homens, creio sofrerem menos com isso...Mas às vezes a questão da idade também incomoda.
Uma das cenas mais bonitinhas das quais me recordo é a de um rapaz pouco mais novo que eu (na ocasião, deveria ter uns trinta anos) ceder seu lugar para mim no metrô. Eu não aparentava ser velha nem estava acima do peso...Apenas carregava livros nas mãos e uma bolsa no ombro direito. E ele, muito simpático, insistiu para que eu sentasse. Achei bonito!
Hoje estava com uma colega e pegamos juntas o metrô, duas vezes. Nas duas, cedi meu lugar para ela. Na segunda, ela ficou levemente brava. “Lu, é a segunda vez que você me oferece o lugar...”. Acalmei-a, falando para que ela ficasse tranquila, porque eu costumava fazer isso com todas as pessoas...Comentei como algumas pessoas enxergam nisso uma atitude meio masculina de minha parte. E ela então respondeu: “Não, isso é apenas gentileza...”. Apenas gentileza...Simples. Tratar o outro como gostaria de ser tratado. Sorrir. Auxiliar. Utilizar “palavras mágicas”. Difícil?
Enquanto pensava nesse texto, lembrei de uma ocasião recente na qual estava em uma fila enorme de um restaurante. Obviamente, quem aguardava ali estava faminto. Gente faminta não costuma ser gentil...Novamente muitas pessoas. Mas havia algo diferente no ar. Algo como um vírus que se espalha, um vírus do bem. Alguém sorri para um estranho...O estranho sorri para a atendente...A atendente sorri para seu colega...Estava um calor danado, mas pareceu até que o clima ficou mais ameno. No meio de tanta gente, um rapaz dá lugar para um homem que levava a mãe numa cadeira de rodas. Não sei...Isso me emociona. Eu gosto! Porque parece ser o natural a se fazer. Mas nem sempre acontece assim.
Viver com tanta gente por perto é inevitável. Por que não fazer disso uma experiência enriquecedora e não opressiva? A observação tem me mostrado que é possível.

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