domingo, 31 de julho de 2011

Talvez tenha deixado de lado minhas lentes.
Há dias não passo por aqui, mas realmente não tenho visto nada pela cidade que me inspire a escrever coisas belas, falem de amor e gentileza. Ao contrário. Minha cidade anda cada vez mais cheia e, consequentemente, menos gentil. Há algum tempo, tinha arrepios só de pensar em deixar São Paulo. Para mim, era aqui que a vida acontecia. Só aqui. Nessa semana, falei com uma recente amiga, moradora do interior, mas criada nessa metrópole, e ela me disse que tem arrepios só de pensar em voltar para São Paulo. Uma outra amiga, moradora do Paraná, professora em Ponta Grossa, outro dia me disse que chega em São Paulo e se sente super bem...Por breves dez minutos. Basta este tempo e ela já se lembra das razões pelas quais ela não tem a menor saudade daqui...Trânsito, mau humor, falta de educação, poluição, preços altíssimos...Estamos no inverno e quantas pessoas estão doentes...Tosses, resfriados, gripes...Pudera! Olho pro crepúsculo e ele é cinza...
Deparei com uma falta grande, em plena sexta-feira à noite...Pensei no quanto mais nada aqui me faz falta...Diante da ideia de morar em outra cidade, onde existe ar puro e menor quantidade de carros transitando pelas ruas, meus olhos brilharam...
No entanto, passeio na Avenida Paulista no domingo à tarde e vejo muitas pessoas reunidas, muitos jovens, aparentemente se divertindo. Nem dão bola pra fumaça, muito menos pros transeuntes que lhes esbarram nas calçadas. Para eles, isso pode até ser uma possibilidade de conhecer novas pessoas.
Lembro de mim há cerca de uns dez anos. Sim, minhas preocupações eram outras. Não que fosse uma alienada e nem pensasse em questões ambientais ou excesso de violência das grandes cidades...Mas estar em grupos pelos domingos à tarde na Paulista era o que havia de melhor em minha semana...
Concluo: não são somente os outros...Meu tempo agora também é outro...E talvez estivesse dentro de mim olhar o mundo com mais beleza.
Certamente, preciso limpar minhas lentes...Elas andam meio embaçadas...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Autogentileza

Já começo pelo título: será que está escrito corretamente, de acordo com as novas regras da Língua Portuguesa? Ou será que é auto gentileza? Não seria, por acaso, auto-gentileza? Ou ainda aut-o-gentileza??? Loucura...Não que eu não preze a dita norma culta ou seja contra o respeito a regras, normas e leis...Pelo contrário. Infelizmente, sem estas “rédeas”, seria impossível viver com o mínimo de respeito ao próximo, nesse mundão maluco. Mas hoje quero falar um pouco sobre auto cobrança (é assim que se escreve???)...Essa rigidez que faz brotar o medo e a sensação de impotência diante de alguns desafios que a vida nos apresenta. Sim, não precisamos ser perfeitos em tudo. Vale o clichezão: ninguém nasce sabendo! Mas por que cobramos tanto de nós mesmos a perfeição? Retifico: não precisamos ser perfeitos em nada! Temos afinidades, habilidades e vontade. O resultado? O melhor possível...Veja bem: o melhor POSSÍVEL. Por que esse mundo cobra tanto de nós o impossível? E porque sucumbimos a essa cobrança? Os sobreviventes dão a vida e conseguem ao menos respirar. Os mal preparados para esse turbilhão se rendem...A troco de que?
Sem mais delongas, pensei hoje o quanto a falta de generosidade e gentileza consigo mesmo não permite aproveitar o lado lúdico da vida. Se vou cozinhar, preciso que meu prato saia perfeito, digno de um chef de cozinha! Perfeito pra quem? O delicioso ato de cantar se transforma num martírio, pois não posso desafinar. O que vão pensar os que me ouvirem? O orgulho, então, não me deixa fazer o meu melhor, entrar na história da letra, encenar...Porque não conseguirei o perfeito. E a alegria? E a emoção, a brincadeira da coisa? Esqueça...Seria o mais importante, no fim das contas...E foi colocado de escanteio, em nome de um resultado inalcançável.
Não quero! Quanta perda de tempo! Quero o gostoso, o criativo que não imita, o jogo saudável.
Por isso, vou amar colocar minha voz na primeira gravação que faço, de uma música linda, tocada pelo Meu Amor (esse sim, músico de tirar o chapéu...). E vou curtir e me divertir fazendo meu primeiro macarrão com shitake! Sem medo!
Hum...Shitake ou shimeji...Não sei...Qual será o certo?
Ah! Meu macarrãzinho com cogumelos! E pronto!
Fácil, não?

sábado, 2 de julho de 2011

O Ciúme

Uma das maiores atitudes que demonstram falta de gentileza é o ciúme. Para alguns, pode até parecer bonito e um cuidado a mais com o nosso “pezinho quente” (tinha um professor na época do cursinho que se referia assim ao amor de sua vida e acho o máximo). Há ainda outros que admitem com orgulho seu ciúme. Pergunte à mesma pessoa se ela é egoísta, controladora, invejosa...Não, nada disso! Mas ciumentinha ela é, porque é bonitinho...No entanto, quem sente ciúme é, sim, egoísta, controlador e, na maioria das vezes, invejoso. Quer para si o Ser por inteiro. Quer ter Poder. Existe maior falta de gentileza e amor em querer ter alguém para si, para seu uso e deleite exclusivo? Alguém que satisfaça suas vontades e renuncie à sua própria vida em nome de sua majestade, o Mimo? Existe atitude mais IRrAcional que a de querer seguir os passos do ser “amado”, querer controlar sua vida em nome de um sentimento tão sublime como o Amor? Não, Amor não é isso...Amor é calma e confiança...É a certeza da presença a despeito da distância física. É estar ao lado e não no exército inimigo.
Conheço algumas pessoas que considero bastante gentis e afetuosas. Estas pessoas não são ciumentas. Ao contrário. Sentem-se invadindo a vida do outro se, porventura, tomarem alguma atitude que demonstre ciúme. Porque tais atitudes não demonstram Amor...Elas representam uma necessidade de Poder sobre o outro, a qual pode vir de uma insegurança com o que se É de verdade, uma falta de credibilidade nos seus próprios valores. Quem quer ter Poder sobre o outro prova o que e para quem? Em vão, tenta provar a si sua importância...Olhando-se de fora da situação, percebe o quanto é regredido, infantil, imaturo e todos esses adjetivos pra dizer uma mesma coisa: é um crianção! E qual é a atitude de uma criança quando não atinge seu objetivo? Chora, esperneia, fica irritada, passa mal...Atitudes que, definitivamente, estão longe de alcançar um temperamento gentil.
Bem...Eu, que vos escrevo, devo ser, então, uma pessoa extremamente centrada, segura, gentil, para tomar a liberdade de falar assim desse sentimento o qual muitos acham lindo demonstrar...Engano seu! Sou ciumenta sim, e não acho nada bonito...Por isso escrevo...Para me olhar, observar meu interior, pensar na pessoa que desejo ser...E esta não é ciumenta...Ela é uma mulher grandiosa, forte, transcende toda meninice (esta meninice regredida, não a meninice da criança interior – que não deve morrer nunca!) . Ela sabe: hora ou outra, pode acontecer um deslize de seu companheiro e isso está absolutamente fora de seu controle. Mas confia nele, entende que, se estão juntos, algo de especial deve haver neste encontro...Coloca a confiança em si e no outro acima de qualquer atitude e sentimento infantis. Ela quer ser gentil e amorosa. Segura e forte.
De um dia para outro isso é conquistado? Creio que não. Este é um exercício diário. Pra gente grande...