sábado, 24 de dezembro de 2011

Mundão...

Passei por uma fase meio esquisita, cheia de incertezas, com o coraçãozinho em frangalhos...Na verdade, a fase ainda não passou, mas creio que esteja no final. O fato é que, neste estado de espírito, fica um pouco mais difícil enxergar beleza nas coisas do cotidiano. Pena...Porque o mundo nos apresenta diariamente pequenos espetáculos. Quisera ter olhos de vê-los sempre.
Outro dia, saí de casa para trabalhar e, ainda que estivesse bastante “para baixo”, olhei para o céu e percebi o quanto ele estava deslumbrante! Um azul lindo, limpo, um sol brilhando...Minha alma, naquele instante, já quis se encher de luz. Respirei fundo e caminhei rumo ao metrô. Ao descer as escadarias, uma senhora de uns sessenta anos, muito bonita, vaidosa e bem arrumada, veio de encontro a mim, como se fosse uma velha conhecida. Estava agitada, mas meio sorridente. Me disse: “minha querida, cuidado com a escada do metrô! Eu quase fiquei sem roupa agora”, e me mostrou a barra de seu vestido, que era longo, toda rasgada, pois um pedacinho havia enroscado nas escadas rolantes. Como eu também estava de vestido longo, ela, muito gentilmente, quis me alertar para que o mesmo não acontecesse a mim. Apenas o aviso já bastaria para justificar a gentileza. Mas ela fez mais. Não foi apenas um aviso. Era como se fôssemos velhas amigas, ela pegou minhas mãos, falou tudo olhando nos meus olhos e, ao ir embora, estava sorridente e desejando que eu tivesse um ótimo dia. Que graça...
Continuei caminhando, mas agora mais viva, lembrando da gentileza e delicadeza daquela desconhecida, tão amiga. Ao chegar à estação, percebi que havia, perto de uma parede de vidro, uma outra velha conhecida e amiga minha de longa data: a mariposa. Não sei exatamente a razão, mas tenho uma forte identificação com este insetozinho...A parede ocupava metade da altura do local da estação onde eu estava e a outra metade era livre, sem paredes de cimento ou de vidro. E a pequena estava na parte baixa, na qual havia vidro. Ela estava querendo sair da estação, se ver livre daquele lugar. Mas era através do vidro que ela tentava passar. Se debatia, estava sofrendo, provavelmente ficando cada vez mais fraca. Chegava a subir e se aproximar do vão que lhe daria acesso à liberdade...Mas sucumbia, fraquejava, sem perceber que faltava muito pouquinho para conseguir sair...Fiquei por alguns instantes ali, torcendo para minha amiguinha voar um tantinho mais alto...
Como a mariposinha, eu também precisava olhar mais pro alto...Perceber o mundo como algo muito maior que um metro quadrado de vidro, por onde eu vejo a vida passar e me sufoco sem conseguir me libertar. A vida está além, o céu não tem mesmo limites. Para sair do sufoco, basta olhar para cima e respirar fundo, redobrar as forças e seguir voando. Eu sou a mariposinha...A senhora do metrô foi meu alerta...O mundo está girando, fique alerta! Olhe nos olhos, toque, ajude ao próximo sempre que possível, se encontre no outro, sem perder-se de si...Olhe para o alto, para a frente, voe mais alto! Disso depende, inclusive, sua sobrevivência.
E hoje é véspera de Natal...Nesta noite, muitos estarão se felicitando, desejando paz e harmonia. Que essa força amorosa possa de fato envolver a todos no Universo, produzindo uma energia de serenidade. Porque não há nada, presente nenhum, que se equipare à sensação de um coração em paz.
Feliz Natal!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Dance até sem saber dançar!

Dançar...Além de ser uma das atividades físicas mais agradáveis que existem, aprimorar muitos de nossos sentidos (a audição, o tato, a visão...), nos proporcionar a noção de ritmo, é também, especialmente a dança a dois, um ato de extrema gentileza. Uma bela coreografia não se faz apenas com um membro do par dançando perfeitamente, ainda que, por experiência e treino, possua a melhor técnica e performance. As danças a dois são belas quando ambos estão em sintonia. Muitas vezes, um dos membros não é tão experiente, mas, tendo a sorte de conseguir um par gentil, é capaz de apresentar um espetáculo ímpar! Na dança, tudo deve ser levado em consideração...Toda nossa atenção fica centrada no resultado que a dupla consegue obter. Acontece uma mágica, uma simbiose. Nela, o olhar do parceiro, seus gestos, sua respiração...Tudo faz diferença. Muitas vezes, um dançarino amador, mas atento aos detalhes (como um olhar nos olhos de sua parceira no momento de uma condução)  torna o momento muito mais lindo que se houvesse uma dedicação somente à pura técnica. Dançar com seu par é bom demais...Unir seus ritmos, caminhar juntos, ceder, amparar, compreender as falhas do outro...Oferecer o seu braço e seu corpo num momento de queda...Perceber a dificuldade do parceiro, olhar em seus olhos e dizer, em silêncio: “estou aqui”.  Quisera que fosse assim também fora do salão de baile...
A vida nos convida a dançar! Dancemos! Com gentileza...