quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Alegria, alegria!

Sei que não devo, já prometi pra mim que vou chegar mais cedo em casa, dormir direito, descansar...Mas quase todos os dias acontece a mesma coisa: saio do trabalho e nem me lembro da minha casa. Sempre tem um cinema, uma amiga pra bater papo, o Meu Amor...Resultado: pego o último metrô pra não correr o risco de dormir na rua. Da estação até minha casa, são apenas três quadras. Mas é um caminho meio sinistro à noite e eu prefiro não andar sozinha. Por isso, virei uma espécie de “sócia” dos taxistas...O trajeto é curto, apenas alguns minutinhos dentro do carro. Muitos deles devem até ficar chateados quando me vêem atravessando a rua em direção ao ponto...Porque é uma “corrida” que nem paga a gasolina deles. Às vezes, tenho vontade até de me desculpar por fazê-los sair do conforto, segurança e companhia de seus colegas de trabalho para trazer esta preguiçosa para casa...Não, isso foi um exagero. Primeiro porque não é por preguiça e sim cautela. Segundo, porque eles estão lá para isso mesmo!
No entanto, nem todos os meus “sócios” ficam chateados com esse trajeto pequenininho que eu os faço realizar. Existe um deles, o Pereira, que sempre me surpreende. Já começa pela frase “toda corrida é benvinda”. E ele diz isso com um sorrisão de fazer inveja...Sempre muito carinhoso no modo de falar, pergunta com interesse como estão seus passageiros. Transpira alegria e vontade de viver. Faz bem passar esses três minutinhos até minha casa na companhia dele. Fico querendo que ele divida comigo toda essa disposição e motivação para a vida.
Na última vez em que me trouxe em casa, contou ter ficado alguns dias de licença, pois sofreu uma cirurgia no ombro e foi obrigado a ficar em repouso. Mas narrou sua história com entusiasmo, feliz por ter conseguido um bom médico que deixou seu ombro “funcionando direitinho”. Ao chegar em minha casa, dei uma nota alta para pagá-lo. Ele não tinha troco. Sem titubear, me disse: “minha linda, depois você passa no ponto e me paga”. Pode parecer algo muito simples, mas tenho certeza: um de seus colegas pediria que eu conseguisse trocar o dinheiro ou ficaria muito bravo ou impaciente com a mesma situação. Mas o Pereira é assim...Ele confia. Por isso é também confiável. E ele é taxista...Deve passar por inúmeras situações estressantes no seu dia...Passa da meia-noite e ele ainda está trabalhando. E nunca, nunca mesmo o vi mau humorado. Tipo de gente que me faz sentir vergonha de minhas recorrentes reações de impaciência e mau humor diante de situações ultra importantes, como, por exemplo, Meu Amor esquecer de avisar que vai se atrasar para um encontro...Ai, ai, ai...Quanto ainda tenho que aprender! Sorte ter a vontade e a possibilidade de me lapidar.
Pra terminar, nesse mesmo dia chego em casa e encontro minha sobrinha mais nova (so sweet Melissa!) embaixo da mesa da cozinha...Estava escondida, me esperando chegar. Quis fazer uma surpresinha! Quando a vi, ela deu uma risadona e veio me abraçar, com o maior carinho do mundo!
Pereira, esse trabalhador que estava madrugada afora “pegando no batente”, me deixou em casa, sorrindo. Melissa, uma garotinha de onze anos que costuma dormir cedo, amorosamente me esperou e recebeu nessa mesma madrugada...Sorrindo!
O que mais eu posso querer dessa vida? Já que é ela que me sorri a cada gesto de gentileza que presencio e vivencio?