domingo, 17 de abril de 2011

Por Gentileza!

Já faz algum tempo que venho percebendo uma dinâmica um tanto quanto cruel no cotidiano da cidade de São Paulo...Digo isso porque não sei se o mesmo ocorre em outras cidades, vivo aqui, nunca morei em outro lugar, desde que nasci. Lembro que, num determinado momento de minha vida, quando comecei a "virar mocinha", percebi como as pessoas com quem eu me deparava nos lugares públicos agiam guiadas por uma espécie de competição, de raiva represada. Aquilo era estranho pra mim, pareceu-me que, de um dia para o outro, surgiu um ódio generalizado, a prática da não tolerância. Nesse mundo cada vez mais louco, cada vez mais rápido, mais bruto, notei que as manifestações de gentileza foram tornando-se cada vez mais raras...O que deveria ser o básico para a sobrevivência e boa convivência, passou a ser artigo de luxo. Por isso, quando vejo, por exemplo, uma pessoa dando seu lugar a uma mulher grávida no metrô (independentemente desta pessoa estar ocupando o banco reservado a gestantes - o que, na minha opinião, nem deveria existir, pois o bom senso é que deve guiar a atitude de cada um e todos os lugares deveriam, a priori, ser concedidos a pessoas em condições especiais), chego a ficar emocionada e minha Fé no humano volta a surgir...Por isso o nome "lente da gentileza". Porque creio ser possível observar o mundo com um novo olhar, sim!

Por isso, resolvi colocar aqui neste espaço as histórias de gentileza com as quais me deparo no dia a dia. Para que fiquem registradas, para que eu mesma não esqueça delas, volte aqui quando estiver acreditando na existência apenas da maldade e do egoísmo. Quero poder lembrar que um mundo mais humano e leve é possível.  

Também tenho um carinho especial pela história do profeta Gentileza e não poderia deixar de citá-lo aqui, pois, de alguma maneira, foi esta história também que me inspirou a criar este espaço:




Em dezembro de 1961, na cidade de Niterói/RJ, houve um incêndio no circo Gran Circo Norte-Americano, considerado uma das maiores fatalidades em todo o mundo circense. Neste incêndio, morreram mais de 500 pessoas, a maioria crianças. Seis dias após a tragédia, José Daltrino - o Profeta Gentileza - acordou afirmando ter ouvido "vozes astrais", que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Neste ambiente, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José Agradecido", ou simplesmente "Profeta Gentileza".
Após deixar o local, que foi denominado "Paraíso Gentileza", o Profeta começou a sua jornada como personagem andarilho. Durante a década de 1970, percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia:

"Sou maluco para te amar e louco para te salvar".


O texto acima é uma adaptação de rápida pesquisa feita no Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Profeta_Gentileza). Segundo este mesmo texto, há relatos de pessoas que alegam ser o Profeta uma pessoa bastante agressiva e a imagem formada dele ao longo dos anos não corresponde à realidade, segundo os que o conheceram pessoalmente. O fato é: sendo Gentileza um louco agressivo ou não, existe um exemplo de Amor ao próximo que não pode ser negado. Se pensarmos em sua renúncia à vida comum que levava e sua dedicação em pregar o Bem, todo o resto fica pequeno.

Sigamos o exemplo dessa lenda. Vivamos com um pouco mais de gentileza. É mais gostoso!

Um comentário:

  1. eu achava que era só eu que ficava indignada com a falta de educação geral...eu já nem pego mais metrô e trem em horário de pico que é para não ficar com raiva...

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