sexta-feira, 22 de abril de 2011

Descoberta do Broto

Conheci aquele lugar muito por acaso. Após assistir à apresentação de uma amiga que se formava no curso de ioga, estava procurando um lugar para almoçar. Subi a Rua São Joaquim e vi um comércio bem pequeno, estreito. Na entrada, alguns cartazes divertidos dizendo que ali comia-se bem e a comida era saudável. Entrei. Descobri que os pratos eram vegetarianos e percebi não ser por acaso minha atração por aquele ambiente. Já não comia carne havia um tempo razoável. Vi no cardápio que o prato do dia era paella. Hum! “Paella sem peixinho? Sem franguinho?? Vou experimentar!”. Morta de fome, pedi que me servissem. Li algumas revistas disponíveis no local enquanto esperava. Fui atendida rapidamente e, quando o prato foi colocado sobre minha mesa, ai! Me dei conta de um probleminha básico: o local não aceitava cartões, somente dinheiro, e eu não possuía nem um centavo no bolso. Olhei para o dono do restaurante, um homem com um semblante extremamente sereno, e pedi que me confirmasse se realmente não aceitavam cartões no estabelecimento. Ele sorriu para mim e, sem responder à minha pergunta, disse com uma sinceridade e uma serenidade de acalmar uma capivara no cio: “Fique tranquila! Coma sua comida, se alimente, depois vemos o que pode ser feito. Aproveite a refeição!”. Fiquei chocada! Nesses nossos tempos, quando é que testemunhamos reações desse tipo? Na maioria dos lugares, eu provavelmente seria encarada como uma golpista, receberia olhares desconfiados e continuaria com fome...Mas não naquele lugar...Havia amor ali...Seguindo a recomendação daquele moço sorridente, comi tranquila, sentindo o sabor de cada grãozinho, o aroma de cada tempero...Hum! Que delícia! Prato bonito, gostoso e nutrido de carinho e gentileza...Para mim, esta poderia ser  a definição de banquete...
Mas o prato terminou...E meu problema continuava. Levantei, fui até o balcão e ele ainda sorridente. Na verdade, se estivesse sério, ainda assim sorriria...Seu sorriso vinha dos olhos, de sua sobrancelha, sua postura, da maneira como falava com as pessoas. Definitivamente, uma pessoa gentil! Falei novamente que estava sem dinheiro e ele me indicou um local próximo onde poderia sacar o valor da refeição. Disse a ele que iria correndo providenciar o pagamento e ele, muito traquilamente, me disse: “não precisa correr, não....Vai passeando, contemplando o caminho...”. Sorri. Estava mesmo feliz com aquela situação...Fui até o caixa, com mil pensamentos na mente...Primeiro sobre a confiança desta pessoa, em me servir o alimento, sabendo que eu talvez não pudesse pagar; mais confiança ainda em dizer que eu poderia sair para procurar um lugar e sacar o dinheiro, correndo o risco de eu não voltar...Depois comecei a pensar no trabalho dele, na postura diante da vida, em servir um alimento sem vestígios de crueldade....Nas paredes do restaurante havia algumas mensagens sobre vegetarianismo e respeito aos animais. Fiquei satisfeita em ter encontrado lugar e pessoa tão especiais!
Voltei ao restaurante para, finalmente, pagar meu almoço. Além de todas as vantagens de minha descoberta, percebi que o preço ali era muito justo. Perfeito!
Me desculpei pelo possível transtorno e recebi como resposta a frase que, se eu ainda tinha dúvidas se me tornaria cliente desse lugar, ela se dissipou ali mesmo: “Eu é que te peço desculpas por não ter uma maneira mais prática de receber seu dinheiro...Espero que, ao menos, tenha valido a pena, você tenha gostado da refeição...”.
Desejei muita Prosperidade quando saí...
Claro que não parei mais de ir ao Broto de Primavera, restaurante que fica lá na Rua São Joaquim, no qual trabalha uma família linda e muito amorosa com tudo o que faz! O pai da família, aquele rapaz que me atendeu de maneira tão gentil e carinhosa, é o André, casado com a Pilar, uma mulher igualmente maravilhosa. Sempre que posso, vou visitar o lugar, comer a comidinha deliciosa que eles fazem lá.
Também quer se alimentar com amor? Vai lá, eu recomendo:

www.brotodeprimavera.com.br




Ah! Agora eles já aceitam cartões!!!

Foto: Giuliana Nogueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário