Tarde ensolarada de sábado, passeando pela Vila Madalena...Para
uma cabecinha agitada, é um alívio não precisar pensar em nada, apenas caminhar
e deixar o tempo passar, sem pressa...
Desço a Teodoro Sampaio. Destino certo: preciso passar pela
Benedito Calixto e comer o melhor brigadeiro do mundo, numa das barraquinhas
que ficam ali dentro da feirinha. O senhorzinho, que há tantos anos oferece os
melhores doces em compota que eu já vi e provei, está ali, sempre sorridente e
atencioso...”Vai querer o que hoje, menininha?”. Menininha! Não sei ao certo se
continuo indo a este lugar pelo sabor dos doces ou pela doçura de continuar
sendo chamada tão generosamente de “menininha” quando já não sou mais uma. Peço meu predileto, e recebo, de bônus, um tanto de paçoca por
cima...Hum! Meus olhos brilham! Sim, o tempo passa, mas meu gosto infantil continua...
Brigadeiro em mãos, ouço na barraca ao lado o início de uma
música ao vivo...Um Choro...Um alegre Choro...Sou atraída pelo som aconchegante,
observo a banda...De repente, um dos integrantes da platéia, senhor de seus já
setenta e tantos anos, vestido e barbeado impecavelmente (deve ser daqueles que
ainda vão, diariamente, ao barbeiro e mandam fazer suas roupas sob medida, no
alfaiate), oferece sua mão direita à uma moça que também assiste à apresentação.
Ela aceita o convite e começam a dançar. Pareciam dois jovens! Quanta
vitalidade no cavalheiro...Dançavam, rodavam, sorriam...Impossível não se
encantar com cena tão leve...
Saí sorrindo...Vou para a calçada e ouço mais um som que me
chama a atenção. Do outro lado da rua, atabaques e palmas de mão. Ah! Que
lindo! Uma roda de capoeira! Corro para perto, quero sentir aquela energia,
aquela força que vem do sangue de nossos ancestrais! No centro, vejo a
luta...Ou dança...Movimentos sincrônicos...Música, muita beleza..Mais uma
faceta da diversidade que esta cidade oferece.
Caminho mais um pouco. Agora estou subindo a Teodoro...E há
uma banda rock em cada esquina. Bandas tocando na rua, dentro das lojas, a platéia
são os pedestres. Meus amigos portenhos e San Telmo que me perdoem, mas hoje
sou muito mais São Paulo! Que coragem, que alegria, quanta energia! Coragem
também do rapaz tocando violino, dentro do corredor da estação Clínicas do metrô...Mas
era coragem com mais suavidade, brandura...Um presente para o povo que por ali
passa, apressado.
Obrigada, minha cidade! Em meio às agruras, mostras que
ainda tens muitas belezas a oferecer...E, graças a estes teus presentes, fui capaz
de concluir, feliz, que a vida é boa, muito boa!
Uma tarde cheia de som, surpresas, sabores, saudade...Sim, São
Paulo... Se és sina, sou tua serva...
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ResponderExcluirSão Paulo, SamPa para os íntimos rsrs, tornou-se um palco a céu aberto. São projetos culturais que promovem a arte e cultura às vistas para quem se oportuniza andar pelas ruas, promovendo a democratização e popularização da arte. Movimento para tirar das "caixinhas quadradas", libertando das 4 paredes, para que a cultura deixe de ser uma exclusividade das pessoas "da sala de jantar", apesar de em SamPa haver muitos locais que popularizam a cultura e arte, eu apóio esse movimento. Concordo que alegra, aproxima, humaniza e poetiza a cidade, que de quebra inspira os poetas livres e anônimos como minha amiga que nos compartilha a sua deliciosa criação. Linda! Que confesso que de anônima nada tem, pois dela conheço até a alma! Obrigada pela dança de me conduzir a quase sentir a atmosfera das ruas de Pinheiros, de quase sentir o sabor dos doces da Pça Benedito Calixto e quase ouvir os sons instrumentais dos músicos. Poetisa, Beijos ternos e fraternos, Chuva.
ResponderExcluirVisitando, conhecendo aqui...
ResponderExcluirEspecial este texto, a cidade se humaniza com certas presenças.
Abraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirP.S.: Se puder visitar, muito bissextamente publico em hapalavra.blogspot.com ...
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